Diversidade e Inclusão como prática determinante da sobrevivência dos negócios

Por que falar de diversidade e inclusão?

Esse tema é muito lembrado em dias temáticos e pouco refletido na realidade diária. Por isso, é tão importante falar sobre a urgência dele para os negócios. 

Apesar de ser lida como importante para a maioria dos negócios, a pauta da diversidade e inclusão não está, de fato, presente na cultura organizacional das empresas. É isso que nos mostra o relatório de Tendências de Gestão de Pessoas 2022, realizado pela consultoria global Great Place to Work.

A pesquisa mostrou que a diversidade e a inclusão perderam forças como prioridades das empresas no último ano. Em 2019, 24% dos entrevistados afirmaram que as empresas tinham diversidade e inclusão como um aspecto prioritário a ser trabalhado; em 2022, a prioridade caiu para 18%.

Logo, os dados mostram haver uma lacuna entre abordar o tema e, de fato, implementar na rotina. É preciso que as lideranças se mobilizem para mudar essa realidade, visto que o engajamento dessa área foi mencionado como principal desafio para as práticas de D&I. 

Se as empresas realmente quiserem ser diversas e inclusivas, precisam: 



• rever a política de cargos;
• despertar nas lideranças o engajamento, por programas e ações reais para promover a diversidade, inclusão e com isso a representatividade e o pertencimento dos colaboradores.

Como os negócios devem se mobilizar pela diversidade?

Os negócios precisam estar atentos a necessidade da real mobilização pela diversidade e inclusão. Como vimos, é urgente a demanda do envolvimento das altas lideranças nas políticas de diversidade e inclusão. 

Isso porque a diversidade e inclusão, na prática, envolve várias áreas do negócio. Entre as principais, estão a de Gestão de Pessoas e a de Gestão Estratégica. A partir delas, toda a empresa, gradualmente, será integrada nos processos.

No caso da Gestão de Pessoas, o setor precisa estar atento ao bem-estar dos colaboradores, recrutamento, seleção, onboarding e na aplicação da cultura inclusiva da empresa no dia a dia.

Já a Gestão Estratégica deve entender a necessidade de implantar políticas de diversidade e inclusão a fim de melhorar a qualidade do ambiente de trabalho, o que vai impactar nos resultados e na reputação da empresa. Isso significa tratar a estratégia com a seriedade que é devida, com um planejamento cuidadoso, metas de equidade e inclusão a serem seguidas. 

As áreas de Comunicação e Marketing, como braços da Gestão Estratégica, precisam ocupar um papel central na promoção da diversidade e inclusão. Ou seja, escoar internamente essa cultura que está sendo construída e comunicada, e se certificar de que ações e estratégias estão sendo movidas para evidenciar esses esforços também para a audiência externa, para os clientes e quem se identifica com a marca. 

O caso da Arezzo, na escolha de Jade Picon, ilustra muito bem a discussão: a escolha de celebridade branca para divulgar uma coleção baseada na cultura africana.

As críticas sofridas pela marca versam sobre a falta de diversidade interna no time, lida como inquestionável. Afinal, se houvesse representatividade negra no quadro de colaboradores, e se houvesse uma responsabilidade social da marca, certamente tal ideia teria sido descartada e uma mulher negra teria sido a imagem da campanha.

O caso reforça a importância do alinhamento de propósito e valores dos negócios com a pauta da Diversidade e Inclusão, e evidencia como isso precisa estar presente de ponta a ponta nas empresas.

5 estratégias de diversidade e inclusão para aplicar desde já

Vimos a importância da política de D&I para o fortalecimento do branding da empresa a ponto de afirmar, com segurança, que aquelas que não se adaptarem terão grandes dificuldades diante do atual cenário, como: 

• obstáculos para resolver os desafios;
• dificuldade para recrutar, reter e desenvolver colaboradores.

Logo, sem um time bem estruturado, nenhum negócio prospera. Mas não se preocupe. É possível executar estratégias de promoção à diversidade de forma simples e gradualmente ampliar as possibilidades. Para te ajudar a começar, separamos as 5 principais. Confira! 

1. Tenha vagas afirmativas 

Direcionar vagas às pessoas que fazem parte dos marcadores sociais é uma iniciativa simples e poderosa. Afinal, os grupos que sofrem discriminação em algum nível, enfrentam barreiras maiores para conquistar uma posição no mercado de trabalho. 

Lembrando que as discriminações racial, étnica, de gênero, religiosa ou por orientação sexual, muitas vezes coexistem. Então, além das vagas, é fundamental que a cultura da empresa seja, de fato, inclusiva e não-discriminatória, para não causar constrangimentos e situações de preconceitos.

Devolver oportunidades a esses grupos não-favorecidos causa um efeito cascata positivo no mercado e na sociedade: quem busca essas oportunidades perceberá a possibilidade real de superar a própria realidade — incentivando outros indivíduos que passam pelo mesmo — e quem proporciona terá em retorno uma evolução das suas soluções e do ecossistema que está inserido.

2. Incentive a criação de grupos de afinidade e coletivos de diversidade

É claro que há a formação natural de grupos entre pessoas por interesses e afinidades em comum. Porém, a criação de grupos de afinidade é um passo além, e muito efetivo para aumento de engajamento e senso de pertencimento nas equipes.

Por isso, promova grupos com temas específicos para os colaboradores trocarem experiências pessoais, a fim de propor sugestões, alternativas de melhorias nos processos da empresa para benefício de todos. Os grupos podem ser organizados, por exemplo, em:

• promoção de lideranças negras;
• acessibilidade;
• maternidade;
• LGBTQIA+;

E, é claro, crie grupos de interseccionalidade. Afinal, há pessoas que englobam todos eles, como, mulheres negras, líderes, mães e lésbicas, por exemplo.

Cada empresa encontrará a melhor forma de construir o seu grupo. O importante aqui é fomentar a criação desses grupos ou, se isso não for possível, criar um Comitê de Diversidade & Inclusão. Uma iniciativa que parte de uma liderança mais concreta e uma estrutura pré-definida para fazer um diagnóstico dos pontos de melhoria em D&I, idealizar e implementar as ações.

3. Promova programas de desenvolvimento de líderes com a D&I

É fundamental treinar e desenvolver talentos para o crescimento do negócio, isso ajuda a diminuir o turnover.

Algo que precisa ser intensificado sob a ótica da política de diversidade e inclusão. Equilibrar as oportunidades de desenvolvimento profissional para pessoas diversas é levar transformação para a camada de gestão e inteligência das empresas, ao mesmo tempo em que os espaços corporativos são renovados, o que tem um grande impacto social. 

Afinal, no cenário em que mulheres ainda ganham menos que os homens, e que há pouquíssimos C-levels negros, ainda há muito a ser feito. Isso sem considerarmos grupos como LGBTQIA+ e Pessoas com Deficiência, que também tem pouca representatividade no quadro executivo.

4. Colabore com parceiros especialistas em Diversidade e Inclusão

Buscar especialistas no tema ajuda na criação de políticas e estratégias efetivas para promoção real da Diversidade e Inclusão. 

Não basta ter a intenção de incluir, é preciso concretizar isso de forma legítima e real. Ou seja, a diversidade e inclusão precisa estar presente na cultura da empresa e ser aplicada rigorosamente.

5. Estabeleça metas com as ações de D&I

Metas fazem parte de todo negócio, são elas que impulsionam o planejamento e ações da empresa. Que tal estabelecê-las para as ações de D&I? Faz todo sentido ter KPIs estratégicos para promover essa evolução na cultura da organização.

Dessa forma, além de ter maior assertividade nos processos, a empresa vai mobilizar os colaboradores a conquistar esses indicadores e demonstrar seriedade na condução da política de diversidade e inclusão.

Vantagens de fortalecer a Diversidade e Inclusão na sua empresa 

Assim como a comunicação não violenta, as práticas de diversidade e inclusão proporcionam inúmeras vantagens aos negócios. Para não restar mais dúvidas, vamos detalhar abaixo os benefícios do fortalecimento dessa prática. Acompanhe! 

Acelera seus processos de inovação 

Como já foi dito, quanto mais diversa uma empresa, mais eficaz é o seu processo de inovação e maior é a sua capacidade de resolução de problemas. É o que aponta a matéria da HSM Management: 

“O ambiente que congrega uma força de trabalho diversificada exemplifica as melhores práticas para uma cultura saudável e engajada. Se tivermos sucesso, cada funcionário saberá que sua voz será ouvida e que é parte valiosa da equipe.

Além disso, todos se sentirão seguros e à vontade para expressar diferentes pontos de vista e perspectivas, independentemente de sua idade, formação, etnia, gênero, religião, orientação sexual, nível de experiência etc.” 

Restam dúvidas do quanto as diferenças enriquecem e facilitam a inovação e produtividade?

É uma estratégia de grande diferencial competitivo

Ao ser realmente inclusiva, a empresa desperta o interesse de outras em seguir o exemplo e ainda faz com que o ambiente de trabalho seja o local dos sonhos para quem procura uma nova oportunidade ou uma recolocação.

Esse posicionamento traz ganhos em todas as áreas, melhora a qualidade do capital humano e das relações interpessoais, além de beneficiar os resultados financeiros e estratégicos. Isso tudo porque o consumidor está cada vez mais em busca de empresas diferenciadas, responsáveis e com as quais ele se identifica.

Contribui para a transformação positiva do mercado e do ecossistema

A diversidade e inclusão, ao posicionar a empresa como referência, ajuda a mostrar ao mercado que é possível transformar histórias por meio da promoção de oportunidades e do exercício da empatia, respeito e tolerância. Desse modo, acaba motivando, também, outras empresas a fazerem o mesmo. 

E de forma pragmática, sabemos que as empresas moldam o mercado mas também são moldadas por ele, dessa forma, ter a Diversidade e Inclusão como ponto de foco entre os players, aumenta a visibilidade do assunto e a torna ainda mais essencial. É o que vemos hoje!

Livros e projetos referências em Diversidade e Inclusão 

Os livros são ótimas maneiras de aprender variados assuntos de forma leve e didática. Por isso, separamos 2 dicas de livros importantes sobre o assunto, além de alguns projetos referências em Diversidade e Inclusão para você se inspirar. Confira!

“Inclusifique: Como a inclusão e a diversidade podem trazer mais inovação à sua empresa”

Nesse livro, a autora Stefanie Johnson, mostra os erros mais comuns das empresas ao criar seus times e fornece estratégias práticas para ajudá-las. Para ilustrar, ele traz estudos de caso de grandes empresas, como Salesforce, GM, Starbucks, entre outras. 

Inclusifique é uma obra de extrema importância para os dias de hoje, possibilitando que cada vez mais perspectivas singulares sejam ouvidas e confiram mais valor às empresas. 

“Diversidade no local de trabalho”

Na obra, a autora e influenciadora de Diversidade e Inclusão na tecnologia, Bärí A. Williams, compartilha entrevistas reais de pessoas que experimentaram e lutaram contra a desigualdade e a discriminação no trabalho. 

Levando luz às histórias através da interseccionalidade, aprofundando questões em raça, gênero, sexualidade, idade, religião, cultura etc.

Ela defende que na construção de um ambiente de trabalho inclusivo, é importante que as empresas entendam as experiências que diversos colaboradores enfrentam. É uma excelente referência, principalmente, para ampliar a visão das lideranças acerca da importância da D&I.

Veja também o nosso eBook sobre Organizações Plurais:

Agora, confira alguns projetos bem-sucedidos no trabalho de diversidade e inclusão:

• Banco Votorantim — programa de contratação de mães, batizado de “Lugar de Mãe é no BV”;
• Natura&Co — estende os seus benefícios a todos, como apoio psicológico da startup Zenklub e aulas de meditação e ioga;
• Iguatemi — prioriza a capacitação e contratação de quem tem a menor das visibilidades, como mulheres refugiadas e pessoas LGBTQIA+; 
• Neon — trabalha com foco na contratação de profissionais acima dos 50 anos;
• Ambev Global Tech, — cria grupos de afinidade, com nomes de estilos de cerveja: Weiss, de gênero; Bock, de étnico-racial; Lager, de orientação sexual e identidade de gênero; e IPA, de pessoas com deficiência etc.

Esperamos que você tenha percebido a importância da política de diversidade e inclusão e se motive a priorizar a política e as práticas da D&I na sua empresa, bem como mantê-la ativa no dia a dia do seu negócio.

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